A
TUA ÁGUIA
“A águia e a galinha” de
Leonardo Boff nos lança diariamente uma provocação sobre a nossa existência
efêmera no universo. Ao que disse o naturalista ao camponês, vendo uma águia que
convivia pacificamente num galinheiro: “Este pássaro não é uma galinha, é uma
águia, a rainha das aves, aquela que voa mais alto e que mais perto chega do
céu e do sol. A maior de todas as aves”. Diante de nós o desafio de buscar a
águia que hiberna inconsciente de toda a força e poder.
Embora tenhamos nascido livres para alcançar
grandes alturas e ter profundidade e amplitude no olhar, crescemos cerceados e
limitados. Até que venhamos a ter maturidade suficiente e despertar da
inconsciência, foi-se meia vida, sem contar a carga depositada em nossa memória
celular, da qual passaremos mais alguns anos para desemaranhar e reconstruir.
Tal como a águia que ao
chegar a sua vida adulta atravessa a solidão, a dor e sofrimento para enfim, renascer
e completar a sua missão, também nós somos chamados a despertar do sono
letárgico ao qual estávamos mergulhados até então.
A águia de Boff
precisou ser conduzida ao alto da montanha para despertar a sua identidade
adormecida. Os grandes acontecimentos geralmente traumáticos ou extremamente
difíceis podem despertar o gigante adormecido em nós. O momento da grande
virada faz com que viremos o espelho em nossa direção para reconhecer o
infinito poder em nós.
É preciso coragem para assumir a águia em
nós. É preciso vontade para entrar em ação e virar o jogo da vida. Viver o
destino é um grande desafio e a luta é diária. Lá do alto da montanha é que
somos capazes de reconhecer e acessar os recursos necessários para alcançar a
plenitude e a serenidade de ter cumprido a tarefa à qual fomos chamados.