segunda-feira, 27 de março de 2017

Mas afinal, o trabalho está para a aposentadoria?

              Mas afinal, o trabalho está para a aposentadoria?


                    Quando meu pai completou 40 anos ele costumava dizer sorrindo que a vida começava ali. Dizia ainda que estava dobrando o cabo da boa esperança. Talvez ele quisesse dizer que finalmente haveria esperança para desfrutar dos anos de trabalho árduo atrás de um balcão de farmácia onde passou grande parte da sua vida tirando o sustento para a família. Ou quem sabe via ali finalmente a possibilidade de se aposentar e aproveitar a vida.
                    A geração baby boom ou pós-guerra, fruto de uma história de escassez, opressão e sofrimento, chegava aos 14 anos e já era considerado um adulto pronto para iniciar a vida profissional como um aprendiz. Se o pai era marceneiro, o filho também seria. Pouco importava o querer, o sonhar, ou qualquer outra manifestação verbal. Cabia ao jovem fazer o que lhe era dito. Era algo implícito, não havia a necessidade de preparação ou diálogo sobre algo tão óbvio. Iniciar a vida adulta aos 14 anos com a carteira assinada e trabalhar durante 35 anos para depois enfim, gozar a vida com a promessa de uma aposentadoria justa e folgada.
                    Vê-se hoje o Brasil passar por uma grande reforma da previdência pública visto que a constatação é óbvia: não haverá receita suficiente para pagar todos os aposentados em poucos anos.  O ajuste não será somente em termos materiais, mas há que se pensar que o trabalho não estará mais para a aposentadoria. Não haverá mais a cenoura da aposentadoria e agora? Estamos atravessando o corredor da mudança e sem a cenoura talvez não haja porque tanto sacrifício. Há que se reformular e buscar novos recursos para compreender finalmente o sentido do trabalho na vida. Qual será a cenoura que atrairá a atual geração?
                        





segunda-feira, 13 de março de 2017

Rompendo padrões de comportamento



             Reivindicações são neutralizadas a partir de uma decisão de mudar o meu comportamento, rompendo com a expectativa do outro em atender suas próprias demandas de carências ou necessidades infantis.
            O poder de mudar todo e qualquer círculo vicioso está na decisão que tomo, e para isso é preciso a coragem e o enfrentamento das minhas fraquezas e demandas infantis. Quando sou eu mesmo que crio a realidade em que vivo e ajudo a reproduzir no outro um comportamento que me desagrada, é unicamente de minha responsabilidade tomar a decisão de virar a mesa. É a partir da minha mudança interna que percebo a raiz do incômodo, frustração ou infelicidade que acredito ser de responsabilidade do outro.

           Tomando distância do incômodo posso perceber a dinâmica que produz continuamente o comportamento indesejado e portanto, viciado, repetitivo e a força que mobilizo para me manter nessa energia sofredora. Quando subo um degrau de entendimento sou capaz de romper com o padrão estabelecido e reprogramo minha mente sendo capaz de criar uma nova realidade trazendo mais leveza, autonomia e consciência. Saio enfim da resistência, da dependência e da inconsciência tomando as rédeas do meu destino, conferindo-me autoridade, integridade e dignidade. 
              A minha mudança interna provoca um distanciamento e uma tomada de consciência no outro fazendo com que também passe a perceber uma quebra do padrão vigente. Talvez haja certa resistência no começo, no entanto, a mudança brusca de comportamento desestabiliza o outro fazendo com que procure um apoio no que já não mais existe. Dessa forma tenta rapidamente reconstruir o padrão habitual, mas só conseguirá atingir seu objetivo se ainda eu estiver fragilizado em minhas demandas. Por isso é necessário que eu sustente minha decisão e me mantenha firme no novo eixo até que o equilíbrio se manifeste.